A mídia, seja qual for, tem papéis fundamentais no desenvolvimento de um povo e, por conseguinte da humanidade, principalmente em função da socialização da informação, da democratização do conhecimento e do direcionamento psicossocial.
Ou seja, as diferentes mídias ou meios de comunicação deveriam assumir para si o papel fundamental de elevar o nível de informação e conhecimento da população tornando-a intelectualmente mais desenvolvida e tecnicamente mais útil.
Dentre os meios de comunicação antes muito lentos, a telegrafia foi o primeiro verdadeiramente moderno, seguido pela telefonia, o rádio, a televisão, a transmissão por cabo e satélite e recentemente a Internet, que é tido por muitos como o mais espetacular invento, ainda em desenvolvimento, do último milênio.
Contudo, cada vez que uma nova geração de meios de comunicação ocorre, ela própria se constitui num ponto de disputas entre as lógicas do Estado, do mercado e da sociedade civil. Por isso, a democratização desses meios é sempre um assunto de muito debate e de resultado reticente. O caso da China e a maioria dos países Islâmicos são exemplos desse expediente.
A recente revolução digital, porém, coloca em cheque a própria definição dos meios de comunicação reestruturando seu papel de forma inédita através da sociedade da informação, algo ainda não completamente delimitado e entendido, por isso incapaz de ser gerenciado, convertendo-se num espaço utopicamente democrático.
Por um lado, os meios de comunicação de massa, como os jornais, o rádio e a televisão, vivem um processo dicotômico na relação emissor-receptor onde a internet e o suporte digital ao mesmo tempo comportam a individualização e a democratização da comunicação e a respectiva interação, permitindo novos meios que por sua vez afetam os meios de comunicação em massa como os que conhecemos.
A internet é um caso a parte, mas os meios de comunicação tradicionais ancorados principalmente na lógica do mercado, com raras e honrosas exceções, têm se preocupado muito pouco com o seu efetivo compromisso de desenvolvimento da sociedade. A televisão, por exemplo, deixou de oportunizar senso crítico há muito tempo, sendo um painel de frivolidades, amenidades, alienação e divertimento e, portanto, não servindo para divulgar nada que implique em pensar.
A mídia possui papel preponderante a ponto de definir os assuntos sobre os quais as pessoas conversam dentro de casa, no ponto de ônibus ou no trabalho. Desse modo tem o poder de selecionar e definir temas, estabelecendo prioridades.
Por isso e dada a responsabilidade social que possui, o mínimo que se espera dela é que faça o necessário para contribuir com a melhora da sociedade como um todo, melhorando, por exemplo, a sua agenda de debates.
Em se tratando de mídia, temos ao menos o jornalismo informativo, o investigativo e o opinativo. Um dos grandes problemas é quando algum deles vem disfarçado de outro e principalmente quando o público não sabe discernir entre eles assumindo a informação obtida como verdadeira, sem condições de análise e crítica.
Num nível menos utópico estão as ações diárias de radialistas locutores, jornalistas e articulistas, onde muitos deles promovem um verdadeiro desserviço ao utilizarem um português torpe ou anunciando verdadeiras asneiras como veracidades em entrevistas sobre assuntos que não possuem a mínima noção, ou coragem para colocar ordem no caos.
O compromisso com a língua de Camões deveria ser o primeiro pré-requisito para assumir qualquer posto na área da comunicação. Não é mais admissível que locutores apaixonados pela sua própria voz gastem tempo e dinheiro desfilando pleonasmos e erros gramaticais grotescos. Talvez precisem melhorar o seu nível de formação e ter mais conhecimento geral, além do seu específico é claro.
Assim, num mundo dinâmico, parece que justamente quem trabalha com o ativo mais valioso, o conhecimento, está deixando de dar valor ao seu o que no mínimo é um paradoxo.
Fonte: Portal São Francisco