História em quebra-cabeça!

25/02/2015

O distrito de Mendanha, em Diamantina, banhado pelo Rio Jequitinhonha, guarda joias artísticas tão preciosas quanto os diamantes que fizeram a fama da região e a fortuna de mineradores desde os tempos coloniais. Entre os tesouros está a imagem de Santana Mestra, escultura do século 18 em madeira policromada, que foi restaurada no ano passado e ganhou um programa de educação patrimonial para conscientizar a comunidade sobre a importância da preservação. A partir da próxima semana, alunos da escola local vão aprender, de forma lúdica e criativa, um jeito novo de zelar pelo bem: um quebra-cabeça da peça acompanhado de orientações sobre o que é permitido e não permitido para manter a integridade da imagem. “Trata-se de um plano de salvaguarda, seguindo as diretrizes do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG)”, informa o secretário de Cultura, Turismo e Patrimônio de Diamantina, Walter Cardoso França Júnior.

Idealizado pela Diretoria de Patrimônio da secretaria, o trabalho faz parte do projeto Educar, dirigido aos estudantes da rede municipal. A proposta é estender o formato de quebra-cabeça aos demais monumentos de Diamantina.

As informações sobre a conservação e as peças do quebra-cabeça estão em um disco de papel, que lembra um desses de vinil, e tem tiragem de 2 mil exemplares – os recursos para a confecção provêm do Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural. Em cada disco há duas partes coloridas da imagem, o que obrigará o estudante a verificar vários outros para concluir sua tarefa. Satisfeito com o resultado, o secretário Walter lembra: “Todos somos responsáveis pela preservação do patrimônio cultural de nossa comunidade e devemos ser seus guardiões para entregá-lo às futuras gerações”.

É permitido
– Orientar a comunidade e interessados a zelarem pela conservação do patrimônio histórico e cultural
– Usar luvas todas as vezes em que manusear a imagem
– Usar trinchas e pincéis com cerdas macias para higienização da peça
– Evitar contato físico e toque
– Evitar fotografias e filmagens com flash – a exposição frequente da luz danifica o douramento e a pintura. As fotos, nesse caso, devem ser feitas apenas a título de registro do serviço de conservação e restauração
– Abrir diariamente portas e janelas para ventilação do ambiente
– Observar constantemente se há sinal de excrementos de insetos, principalmente, cupins, no local de guarda da imagem (nicho do retábulo ou oratório)
– Observar também se a imagem apresenta descolamento da policromia (cores e tinta). Se for constatado, procurar o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural
– Se possível, evitar usar a imagem em procissões, protegendo-a dos desgastes na policromia, danos ao suporte e até queda do andor

Não é permitido
– Usar pano úmido e produtos de limpeza na imagem
– Limpar a imagem usando água
– Acender velas sobre o retábulo e perto da imagem – há risco de incêndio e os respingos de cera danificam o douramento e a pintura
– Fazer intervenções sem autorização do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural
– Deslocamento da imagem do acervo – isso pode ocorrer somente com aprovação do comunidade, da Mitra Arquidiocesana e do Conselho Municipal
– Trocar a imagem de lugar com frequência

No carnaval, quem esteve em Diamantina pôde ver outra faceta do projeto Educar, fruto do interesse dos estudantes. Para evitar estragos, a Catedral Metropolitana, as igrejas do Bonfim e do Amparo e o Museu dos Diamantes fora protegidos por tapumes com desenhos e pinturas feitos a partir de tarefas em sala de aula. As turmas visitaram a área tombada e depois recriaram casarões, igrejas e outros locais de destaque em quadros. Na sequência, os trabalhos foram ampliados e apresentados aos foliões.

Fonte: EM