Ricardo Shimosakai é diretor da empresa Turismo Adaptado Site externo, uma organização que trabalha a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida no lazer e turismo. A empresa é conhecida não só pelos serviços “comuns” de agências de viagens – Ricardo é um palestrante empenhado em esclarecer e trazer conhecimentos aos que buscam saber sobre acessibilidade ou turismo para todos, além de prestar consultoria em acessibilidade. Ele atua desde 2004 nesse segmento e é Bacharel em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi/ Laureate International Universities.
Em 2001, Ricardo Shimosakai levou um tiro ao ser vítima de um sequestro relâmpago. Sem deixar se abater, queria retornar à suas viagens que sempre lhe trouxeram muitos momentos de prazer. A partir daí, começou sua luta e a vontade de espalhar esse prazer a todos.
Em uma entrevista o Ricardo para tentar conhecer um pouco mais sobre seu trabalho, sobre o turismo para todos e, claro, sobre ele.
O que é Turismo Acessível? Quais são os critérios e normas no Brasil? Como foram estabelecidos?
Ricardo Shimosakai: Turismo Acessível é um conceito que visa ofertas produtos e serviços turísticos para pessoas com diferentes necessidades. Assim como a arquitetura segue a linha do desenho universal, o turismo segue o princípio do turismo para todos. Procura atender pessoas com deficiência (física, visual, auditiva e intelectual), mobilidade reduzida, idosos, grávidas, obesos, e qualquer dificuldade existente.
Os princípios são universais, e servem tanto para o Brasil, como para o exterior:
- Destinos sem barreiras: infraestrutura e instalações
- Transporte: por terra, ar e mar, adequado para todos os usuários
- Serviços de alta qualidade: operado por pessoal treinado
- Atividades, exposições, atrações: que permitem a participação no turismo por todos
- Marketing, sistemas de reservas, sites e serviços: informação acessível a todos
Em que ano começou-se a falar em Turismo Acessível no Brasil?
Ricardo Shimosakai: Não há exatamente um marco que defina o surgimento do turismo acessível no Brasil, mas diversas ações pontuais colaboraram para que este conceito fosse ampliado. Em 2004, a Freeway começou a realizar estudos para oferecer viagens acessíveis para este público e, no mesmo ano, a Turismo Adaptado surgia com a proposta de trabalhar a acessibilidade e inclusão no lazer e turismo. No ano seguinte, o projeto Aventureiros Especiais passou a adequar atividades de aventura para pessoas com deficiência. A partir daí, outras organizações começaram a explorar mais este assunto, e coisas novas, como guias de viagens, museus acessíveis, praias e centro culturais adaptados, entre outras iniciativas, começaram a surgir.
Quais cidades podem ser consideradas as melhores para pessoas com deficiência?
Ricardo Shimosakai: Considerar melhor ou pior é muito subjetivo, pois esta consideração depende, muitas vezes, de uma avaliação da própria pessoa. Também é difícil encontrar um destino adequado a todos os tipos de deficiência.
Considerar uma cidade acessível é muito difícil, pois, para isto, ela necessitaria estar com grande parte de sua infraestrutura adequada à acessibilidade, o que no Brasil ainda não existe. Porém podemos considerar São Paulo como a cidade mais acessível do país, pois, mesmo com suas inúmeras falhas, ainda tem muita oferta turística acessível. Bonito e Foz do Iguaçu também são duas cidades que merecem destaque e, apesar de as cidade em si não poderem ser consideradas como acessíveis, é possível visitá-las tranquilamente por meio do pacote turístico acessível da Turismo Adaptado.
Fonte: Vida Mais Livre
Imagem: Bigstock by Volha Zaitsava