O dólar em alta tira o fôlego das viagens internacionais, mas alavanca o turismo doméstico. E o interior de Minas, conhecido por suas montanhas, ganha mais um impulso: o frio. A demanda pelas reservas de hotéis e pousadas está em alta. Temperaturas mais baixas, feriados e a chegada das férias de julho incrementam a procura e a expectativa é de 95% de ocupação em todos os fins de semana até o fim do próximo mês. Dados levantados pelo Estado de Minas junto às secretarias de Turismo e associações de hotéis das cidades de Ouro Preto, Monte Verde e da Região do Circuito das Águas, no Sul do estado, apontam uma movimentação financeira de mais de R$ 210 milhões no período. A bolada, no entanto, pode ser muito maior, se for levado em conta que cidades históricas, como Diamantina e Tiradentes, ainda não têm levantamento oficial sobre o número de turistas que visitam os municípios e o quanto eles movimentam na economia local.
Além de contar com a ajuda do dólar caro e do frio, empresários e prefeituras têm apostado na promoção de eventos culturais, como festivais de inverno, encontro de motociclistas, apresentações musicais, entre outros eventos, para chamar a atenção dos potenciais turistas. Em Tiradentes, por exemplo, a expectativa é de 95% de ocupação dos hotéis e pousadas neste mês e em julho. Para o feriado de Corpus Christi, para o qual muitos emendaram até amanhã, os quartos disponíveis quase não existiam, segundo a Secretaria de Cultura e Turismo da cidade. Já para o último fim de semana de junho, nos dias 27 e 28, quando acontece o Bike Fest, encontro de motociclistas, a ocupação já é de 100%. “A expectativa era de uma diminuição de turistas neste ano por conta da economia do país mais fraca. Mas fomos surpreendidos e já registramos alta na demanda. O dólar mais alto incentiva o turismo doméstico e Tiradentes leva vantagem por ser de fácil acesso para moradores do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Belo Horizonte”, afirma a secretária de Cultura e Turismo do município, Mônica Cardoso Gomes.
A estimativa da secretaria é que pelo menos 4 mil turistas passem pela cidade a cada fim de semana, gastando um tíquete médio diário entre R$ 350 e R$ 400, incluindo a hospedagem nas pousadas, alimentação e artigos de artesanato. Segundo o vice-presidente da Associação Empresarial de Tiradentes, Hélvio Ferreira dos Santos, o preço das diárias na cidade varia entre R$ 100 e R$ 1 mil. Gerente comercial da Pousada Pequena Tiradentes, Gabriela Barbosa, afirma que sua demanda teve alta de 20% nos primeiros meses de 2015, se comparado com o mesmo período do ano passado. Para este feriado emendado, a pousada registrou 100% de ocupação. As reservas também estão esgotadas para o último fim de semana do mês e há poucas vagas para os fins de semana de julho.
Em Ouro Preto, na Região Central de Minas, a expectativa é que os turistas movimentem cerca de R$ 40 milhões, entre este mês e julho. O montante é 10% maior do que o que foi movimentado no mesmo período do ano passado, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Regional Circuito do Ouro (ABIH Circuito do Ouro), Antoninho Tavares dos Santos. De acordo com ele, a expectativa é de manter ao longo dos dois meses ocupação de 70%, com índices ainda maiores durante os fins de semana de julho, quando ocorre o festival de inverno, promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). “Nossa média de ocupação no ano fica em torno de 66%. Os meses de junho e julho são considerados alta temporada e esse fluxo aumenta bastante. Com a alta do dólar favorecendo o turismo doméstico, nossa expectativa é ter um crescimento de 5% no ano para o setor, mesmo com a situação econômica menos favorável no país”, afirmou. Dos R$ 40 milhões que serão movimentados, 30% correspondem aos gastos dos turistas somente com hospedagens.
Já em Diamantina a expectativa é que a Vesperata, evento promovido em dois fins de semana do mês, além do festival de inverno, incentivem o movimento de turistas na cidade. De acordo com a diretora da pousada Garimpo, Mariana Felício Pereira, a ideia é alcançar a média de 50% de ocupação nos dois meses. Os pacotes para os dias de Vesperata são vendidos a R$ 896, incluindo duas diárias para casal, com café da manhã e três refeições (jantar com seresta na sexta-feira, almoço de comidas típicas e chá das 19h no sábado). “O primeiro semestre não foi muito bom para o setor de turismo na cidade, mas temos a expectativa de melhora com a chegada do frio e alta do dólar. Já estamos com algumas reservas de grupos para os próximos meses e a demanda vem crescendo nos últimos dias”, afirmou. A secretaria de Turismo de Diamantina não tem um levantamento sobre a movimentação de turistas na cidade.
Reservas disparam no Sul do estado
No Sul de Minas, a chegada do frio é a mola propulsora do turismo. “Começa a esfriar e os telefones começam a tocar para a reserva dos hotéis e pousadas”, afirma o presidente do Conselho Municipal de Turismo de Camanducaia (Comtur), Luís Gustavo Almeida. As baixas temperaturas registradas em Monte Verde, distrito da cidade, aquecem a economia do local, que neste mês e em julho deve movimentar em torno de R$ 50 milhões. Segundo Almeida, por fim de semana, entre 6 mil e 7 mil turistas devem passar pelo distrito, gastando em média, R$ 700 por dia com hospedagem, alimentação e compras de artesanato.
Na Região do Circuito das Águas, que abrange cerca de 20 cidades no Sul de Minas, a expectativa é de atração de 50 mil turistas, que deverão se hospedar em hotéis e pousadas. Outros 120 mil devem apenas passar o dia em uma das cidades, como Caxambú, São Lourenço, Baependi, entre outras. Os visitantes devem movimentar mais de R$ 120 milhões na região. A taxa de ocupação nos hotéis e pousadas, segundo o Presidente da Associação do Circuito Turístico das Águas (CTAguas), Felipe Condé, deve ficar com índices acima de 95% nos dois meses de alta temporada. “A época é uma das melhores para se conhecer a região, os balneários e ainda fazer os passeios ecológicos. Fatores como a alta do dólar, os atrativos das cidades e a proximidade de São Paulo têm favorecido o setor de turismo na região. A alta no movimento tem fica do acima de 30%”, ressalta.
Fonte:Sindloc
Imagem: Bigstock by rafakopko